Piracema: Cardumes juvenis revelam importância do período do defeso no MS

As águas dos rios de Mato Grosso do Sul começaram a revelar os frutos silenciosos do período da piracema. A natureza, que teve tempo para se recompor e se renovar, de 5 de novembro de 2024 até 1º de março de 2025, agora mostra cardumes jovens nadando às margens dos rios.

Vídeo que circula nas redes sociais exibe o resultado após quase 4 meses de espera: milhares de alevinos — filhotes de peixe — nadando em segurança às margens do Rio Miranda, próximo à ponte do 21, no município de Bonito (MS). A cena, registrada no dia 26 de maio, reforça a importância do respeito ao ciclo natural de reprodução dos peixes.

A piracema é o momento em que os peixes sobem os rios para desovar, garantindo a continuidade das espécies. Por isso, durante esse período, a pesca é proibida.

Os peixes que precisam migrar são das espécies dourado, piau, corimba, pacu, jaú, pintado e cachara, podendo percorrer longas distâncias — mais de 100 quilômetros de rio.

O ictiólogo Heriberto Gimênes, que também é biólogo e curador do Bioparque Pantanal, explica a importância do defeso na prática.

“A piracema é fundamental para a manutenção e o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos, pois é o período em que os peixes realizam a migração reprodutiva, garantindo a renovação das populações”, diz ele.

O profissinal lembra que “esse fenômeno assegura a diversidade genética, a sobrevivência das espécies e o fornecimento de alimento para outros animais que dependem desses peixes ao longo da cadeia alimentar. Além disso, a piracema sustenta a pesca de forma sustentável, quando respeitada”.

Em relação ao ciclo, o biólogo pontua que o período de defeso acontece de forma natural, coincidindo com as chuvas. “O ciclo da piracema ocorre, geralmente, entre os meses de outubro e março, coincidindo com o período de chuvas e aumento do nível dos rios. Nessa fase, os peixes nadam contra a correnteza, muitas vezes percorrendo grandes distâncias, para alcançar locais adequados à reprodução”.

“Esse comportamento de migração, reforça, é conhecido popularmente como piracema que significa ‘subida dos peixes’. As fêmeas liberam os ovos, que são fertilizados pelos machos. Esses ovos eclodem e as larvas são levadas pela correnteza até áreas marginais e alagadas, onde podem crescer em segurança e com oferta de alimento. Após a desova, os peixes adultos retornam para os canais principais dos rios”, explica.

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